Olá, queridos alunos, sejam bem-vindos a mais uma aula de português.
Eu sou o professor Lucas Limberti e esse é o Hexag Vestibulares.
Hoje vamos tratar de uma previsão do Mackenzie 2015 para ficar atento ao que pode aparecer na prova.
Vamos começar falando de literatura. A primeira dica de literatura é que nós não temos uma lista de obras.
A primeira coisa a levar em conta a esse respeito é perceber que a literatura é uma das sete artes. Considerá-la arte da escrita. Lembrar que ela tem de ter um objetivo: fazer as pessoas pensarem, sensibilizar. Tem também uma imitação do sujeito, do homem, da época. Assim, devemos pensar no autor, na técnica específica utilizada, no suporte específico utilizado, na ligação que ela estabelece com a arte da mesma época, tudo com o objetivo de sensibilizar o sujeito por meio do papel. Esse é o único momento de arte que temos na prova.
Depois, para você ir bem, vamos empregar uma tríade à literatura, já que não há uma lista com obras de leitura obrigatória.
A primeira coisa da tríade é o contexto. Dessas três coisas, contexto, autor e obra, o contexto significa olhar para a época em que o livro foi escrito. Ou seja: o período histórico vai trazer muitas questões que vão sustentar nossa análise.
Dentro do contexto histórico, temos o conceito de “escola literária”. Devemos pensar no limite estético entre forma e conteúdo de um determinado período. As escolas literárias que aparecem no edital do vestibular do Mackenzie começam a partir da Idade Média. No fim do sacro império romano, temos o Trovadorismo, com as cantigas. Depois do Trovadorismo, vamos para o processo de transição da Idade Média ao Renascimento, com o Humanismo e a escrita de Gil Vicente. No Renascimento, chamado de Classicismo, nós vamos ter as grandes navegações com as produções escritas de Luís de Camões, poeta que escreveu a epopéia “Os Lusíadas”. Com a chegada dos portugueses ao Brasil, começa a nossa produção literária no período colonial com o Quinhentismo, com as cartas, em especial a de Pero Vaz de Caminha, de 1° de maio de 1500 e a literatura formativa com as missões jesuítas, a poesia teocêntrica, a catequese de José de Anchieta e padre Manuel da Nóbrega. Não é uma escola, mas é o começo da literatura no Brasil. O próximo momento compreende o Barroco e sua literatura de contradição. Lembrar primordialmente do Gregório de Matos, o Boca de inferno, e do Padre Antônio Vieira e seus sermões. Depois do Barroco, o Arcadismo, a poesia da natureza, das idéias iluministas e racionais, bucolismo, pastoralismo, do Brasil do ciclo do ouro, pensar em Tomás Antônio Gonzaga, “Marília de Dirceu”, “Cartas Chilenas”, em Cláudio Manuel da Costa, com seus sonetos de inspiração camoniana e no final do Arcadismo, o nativismo épico, com Basílio da Gama e frei Santa Rita Durão. Em Portugal, Bocage com seu momento neoclássico e pré-romântico. Depois do Arcadismo vem o Romantismo, fim do século XIX, as revoluções burguesas, industrialização, fim do absolutismo, a literatura dos três pilares românticos: o nacionalismo, o individualismo e a liberdade. Em Portugal vemos “Viagens na minha terra” do Almeida Garret, Alexandre Herculano. Depois, na segunda geração, Camilo Castelo Branco e suas novelas passionais, Júlio Diniz e o romance urbano. No Brasil, temos a primeira geração indianista com José de Alencar, Gonçalves Dias, “minha terra tem palmeiras onde canta o sabiá”, versos da “Canção do Exílio”. A segunda geração com Álvares de Azevedo e a literatura byroniana, de terror, do mal-do-século e a terceira geração condoreira com Castro Alves e a poesia dos escravos. No meio de tudo tem o romance urbano, o romance regionalista. Manuel Antônio de Almeida, com “Memórias de um sargento de milícias”, José de Alencar com “Lucíola”, “Senhora”, e depois na segunda metade do século, o Realismo. Quando falamos em Realismo, pensar, em Portugal, no Eça de Queirós, Antero de Quental, Conferência no Cassino lisboense, Questão Coimbrã e quando falar de Eça de Queirós, pensar em “O primo Basílio”, “A cidade e as serras”. E no Brasil ficar atento a Machado de Assis. O Machado, bruxo do Cosme Velho, é muito recorrente. Já apareceu em muitos vestibulares do Mackenzie e costuma reaparecer. Machado inovou a literatura com seu romance psicológico, na digressão, na ironia, enfim, no diálogo com o leitor. Vale dizer que nesse mesmo período ocorre uma tendência que é o Naturalismo, com Aluísio Azevedo; o Parnasianismo, que é uma escola da “arte pela arte”, do soneto, da perfeição formal, com Olavo Bilac e o Simbolismo, da transcendência e musicalidade com Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens.
O início do século XX começa com grandes transformações sociais com as vanguardas artísticas européias que vão influenciar as artes. O Expressionismo, Impressionismo, Dadaísmo, Cubismo, Futurismo e o Surrealismo. Essas artes vão fundamentar tudo o que se vai discutir em literatura no século XX. No Brasil, temos um período de 1902 a 1922 que é o Pré-modernismo, que começa com “Os sertões” de Euclides da Cunha, temos Monteiro Lobato, Augusto dos Anjos e depois o Modernismo com suas três fases. A primeira heróica de 22 a 30; depois a consolidação de 30 a 45 e o pós-modernismo neo-parnasiano de 45 parando no Concretismo em 60 até hoje na literatura contemporânea.
Fizemos uma pesquisa sobre o que cai de literatura no vestibular de inverno e no de verão.
No vestibular de inverno apareceram quatro questões de “Vidas Secas”, do Graciliano Ramos, Modernismo e Manuel Bandeira, mais outras três. É comum na prova do Mackenzie aparecer seis ou sete questões de literatura. Em 2013, no vestibular de inverno apareceram quatro questões de Aluísio Azevedo com “O Cortiço” e Paulo Leminski, literatura contemporânea com mais duas questões. Em 2013, no vestibular de verão, apareceu Machado de Assis em três questões com “Dom Casmurro” e mais três questões com Jorge Amado e Castro Alves. Jorge Amado, segunda geração modernista, Castro Alves, terceira geração condoreira, romântica, poeta dos escravos. 2012, vestibular de verão, caíram três questões sobre Cruz e Souza, grande expoente do Simbolismo no Brasil, e mais três questões de Machado de Assis com “O alienista”. 2012, vestibular do meio do ano, Machado de Assis de novo, três questões sobre “A mão e a luva” e mais três questões sobre Manuel de Barros. Vale a pena ficar atento a Manuel de Barros, que é um poeta brasileiro falecido há pouco tempo, pois o Mackenzie gosta muito de contextualizar essas questões. Esse ano é um ano atípico para a literatura, pois tivemos a morte de alguns nomes da literatura como Ariano Suassuna, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e agora Manoel de Barros. Ficar atento também aos que entraram na Academia Brasileira de Letras no lugar de dois imortais: Ferreira Gullar e o Zuenir Ventura. Para terminar, vestibular de verão 2011, duas questões do Gregório de Matos e o Barroco; Machado de Assis, com “Dom Casmurro”, em mais uma questão. E mais uma questão que trouxe a idéia da literatura comparada. Aluísio Azevedo, com “O Cortiço”, Euclides da Cunha, com “Os sertões” e Graciliano Ramos com “Vidas Secas”.
Agora, vamos ficar atento à redação que tem um peso muito grande na prova. Ficar atento a estas dicas pode ser fundamental para você. O texto que você deve fazer tem de ser um texto dissertativo. A dissertação é quando você vai defender uma idéia. Ele deve estar estruturado em três partes. A primeira parte com uma introdução, onde você vai apresentar a sua tese, apresentar sua idéia fundamental. A segunda parte, que é o desenvolvimento, onde você utiliza a argumentação a fim de garantir que sua tese seja comprovada por intermédio de argumentos, como citações, dados, descrições históricas, que comprovem sua tese. E uma terceira parte, a última, que é a conclusão, onde você retoma o que foi dito na introdução, confirmando o processo que você desenvolveu para defender a sua tese, defender a sua idéia. O Mackenzie geralmente apresenta três, e, às vezes, quatro textos para propor o tema. Você tem de pensar em relacionar de alguma maneira os três textos na sua tese. Lembrar de ficar atento a esses três textos e não fugir ao tema. Dicas: usar a 3ª pessoa, ficar atento à caligrafia, não fugir ao tema, ler o seu texto antes de passar para a folha final, pensando que tem alguém que vai ler o texto e fazer um rascunho. Vamos ver agora como os temas têm aparecido.
Em 2014, no vestibular do meio do ano, tivemos os “50 anos da ditadura”;
2013, vestibular do final do ano, “as manifestações de junho”, mais uma questão social e contextual;
2013, vestibular do meio do ano, “trânsito, bebida e multa”; deslocamento urbano atrelado à lei seca, os acidentes e multas ocasionados em função de beber e dirigir;
2012, vestibular do fim do ano “Internet e tecnologia’. A internet é sempre pauta de muitas discussões. A relação das pessoas com o público e o privado nas redes sociais e de que maneira isso transforma a vida das pessoas;
2012, vestibular do meio do ano, “a questão da linguagem”; o que a linguagem pode trazer de preconceito e a questão do politicamente correto. Pensarmos a língua como algo vivo e esse estado de estar vivo sendo de alguma maneira preconceituoso. Lembrando coisas que são discutidas atualmente como “negro é raça”, “preto é uma cor”, então tomar esse cuidado na hora de pensar nas linguagens;
2011, vestibular do final do ano, “Informação e formação”. A sociedade vem sendo bombardeada de informações e a formação, onde fica? A relação com essa quantidade de informações. Pensar nisso, tá? São temas gerais e contextuais muito comuns na prova do Mackenzie. Ficar atento ao que aconteceu no ano de 2014. Nós tivemos um ano cheio de acontecimentos: a copa do mundo, as manifestações contra a copa, o legado da copa, a questão das eleições, que trouxe as pessoas a um processo de politização e o que é essa politização, questões energéticas, fundamentalmente pensar na questão da água, enfim, essas questões que estão no ano de 2014 e que de alguma maneira podem aparecer como proposta.
Para terminar, vamos pensar na questão da língua, ou seja, da gramática e da regra. Analisando as últimas provas, nós vimos que aparece bastante a questão da conjugação de verbo, tempo verbal está sempre presente, o texto não-verbal também, ou seja, trabalhar com tirinhas, charge, uma imagem, um quadro; a semântica, que é o significado das palavras, sabe lidar com o vocabulário na interpretação dessa regra; análise sintática para entender a função das palavras na frase; concordância, prefixos, radicais, norma culta X popular, então aquilo que é gramatical, aquilo que é fala do povo, fazer essa relação partindo sempre do texto para chegar até a regra do estudo da língua. Lembrar de ler a questão, ler o comando de questão é fundamental, verificar o verbo que pede para você fazer algo, os pressupostos, os subentendidos, a intertextualidade, as funções da linguagem são sempre importantes em qualquer uma das frentes. Eu acho que com essas dicas você vai mandar muito bem no vestibular do Mackenzie. Até a próxima.
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Sobre o autor
Lucas Limberti
Lucas Limberti é professor de Língua Portuguesa no Hexag Vestibulares.